– Armazém industrial em betão prefabricado e pavimento de estrada em Aveiro são os dois casos de demonstração de utilização de resíduos da celulose na construção
– Resíduos da indústria da pasta e papel são testados como matérias-primas secundárias numa lógica de circularidade e simbiose industrial
– paperChain pretende contribuir para atingir a meta de Resíduos-Zero e demonstrar o conceito de Economia Circular
– Projeto de investigação e inovação financiado pelo programa H2020 da União Europeia junta 20 entidades de cinco países para demonstrar em larga escala a valorização de resíduos
Um armazém industrial e um troço de estrada, ambos na região de Aveiro, constituem os primeiros resultados visíveis de aproveitamento em escala real de resíduos gerados na indústria de pasta e papel em estruturas de betão pré-fabricado e em misturas betuminosas para pavimentação de estradas em Portugal.
O desafio, que tem tanto de complexo quanto de ambicioso, surgiu integrando o projeto europeu – paperChain e já está ativo em Ílhavo e em Cacia: uso de resíduos provenientes da produção de celulose, tais como cinzas de cal, dregs e grits (resíduos granulosos) como matéria-prima secundária alternativas para trabalhos de construção, integrando-os numa lógica de economia circular. O projeto paperChain inclui 20 parceiros de cinco países da UE empenhados nesta demonstração de circularidade. Em Portugal, as entidades envolvidas incluem a Universidade de Aveiro, a The Navigator Company, a SPRAL, a MEGAVIA, o Instituto de Investigação RAIZ e o Cluster Habitat Sustentável. Denominado “Novos mercados de nicho para os resíduos da indústria de pasta e papel com base na economia circular”, é coordenado pela empresa Acciona Construction (Espanha).
O primeiro caso de aplicação desta circularidade em Portugal, foca-se no uso de cinzas de cal como filler (elemento de consistência) em betão pré-fabricado, e tem como palco um armazém industrial que acaba de ser construído em Ílhavo, nas instalações da SPRAL, e cuja estrutura foi preparada para a monitorização a longo prazo. O segundo caso português, focado no uso de dregs e grits como agregados finos e fillers na camada superficial de estradas, foi implementado nas instalações da The Navigator Company em Cacia (Aveiro). É constituído por um troço de estrada de 250 m com diferentes misturas betuminosas numa área de 2800 m2, envolvendo, além da mistura betuminosa de referência (padrão), outras contendo dregs e grits. Antes do uso na mistura final, os resíduos foram pré-tratados por uma empresa gestora de resíduos (Dilumex). Este troço da estrada está a ser monitorizado até fevereiro de 2021.
A monitorização técnica e ambiental está agora a ser efetuada para validar a durabilidade e o desempenho a longo prazo destas novas soluções circulares. Os testes estão a ser realizados pela Universidade de Aveiro e pelo RAIZ– Instituto de Investigação da Floresta e do Papel, um centro de investigação privado, sem fins lucrativos, reconhecido como entidade do Sistema Científico e Tecnológico Nacional e como Centro de Interface – Centro de Valorização e Transferência de Tecnologia.
Um projeto europeu
Projeto de investigação e inovação financiado pela Comissão Europeia (programa H2020), o paperChain pretende contribuir para atingir a meta de resíduos-zero e demonstrar o conceito de economia circular. O uso destes resíduos específicos também contribuirá para eliminar a sua deposição atual em aterros, conjuntamente com a futura substituição de matérias-primas naturais, como fillers e agregados finos, com outros benefícios associados, como a redução das emissões de CO2.
O projeto inclui cinco casos de demonstração no espaço europeu em três setores operacionais diferentes: Construção, Químico e Mineração. Portugal recebe os casos centrados nas estruturas em betão pré-fabricado e misturas betuminosas para pavimentação de estradas, enquanto Espanha testa camadas de estabilização de solo em estradas. Na Eslovénia, por seu lado, decorrem os pilotos para teste de material compósito para estabilização de taludes. As aplicações dos setores Químico e de Mineração estão a ser investigadas na Suécia, com produção de bioetanol para produtos químicos secundários, assim como com o ensaio de camadas de selagem para aterros em minas.
Em Portugal, uma vez definidos os detalhes técnicos num trabalho conjunto das empresas envolvidas e da Universidade de Aveiro, o projeto recebeu a luz verde da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para avançar com os dois pilotos de demonstração em julho de 2019. A APA desempenhou um papel fundamental para facilitar os projetos de economia circular em Portugal, para o que contribuiu igualmente o apoio da CCDRC (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro) ao nível da região Centro, onde os demonstradores do paperChain se localizam.
Para mais informações, visite www.paperchain.eu
