Durante o processo de design e desenvolvimento de produtos e serviços, o potencial de prevenção dos impactes ambientais ao longo do ciclo de vida é máximo: estima-se que cerca de 70 a 80% dos impactes ambientais de um produto são definidos na fase de desenvolvimento Além disso, as organizações reconhecem que existem outros benefícios substanciais neste processo de integração de considerações ambientais na fase de design, que incluem a redução de custos, o encorajamento à inovação, novas oportunidades de negócio e melhoria da qualidade do produto.
O ecodesign é um conceito bem estabelecido entre os especialistas em Portugal e na Europa, mas existe uma falta de conhecimento que suporte a integração sistemática de considerações ambientais no design de produtos em geral, e em particular dos cerâmicos. Apesar da sua importância económica, a indústria cerâmica está a sofrer os efeitos do abrandamento da economia europeia e da concorrência de produtos provenientes de países onde as normas ambientais e sociais são menos exigentes e deficientemente aplicadas.
O setor cerâmico necessita de produtos competitivos para sobreviver no mercado e a aplicação do ecodesign suscita boas oportunidades para a inovação e a diferenciação, para além dos benefícios ambientais e das poupanças que acarreta.
Foi precisamente para contribuir para colmatar essa lacuna que se desenvolveu o projeto InEDIC – Inovação e EcoDesign na Indústria Cerâmica, coordenado pelo LNEG/UPCS (Laboratório Nacional de Energia e Geologia, Unidade de Produção-Consumo Sustentável), financiado pelo Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida da União Europeia, Subprograma Leonardo da Vinci.
O consórcio InEDIC integrou 18 parceiros de Portugal, Espanha e Grécia, incluindo centros de investigação, institutos de formação, associações e empresas. Em Portugal participaram, para além do LNEG, o Centro Português de Design (CPD), o Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica (CENCAL), o Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro (CTCV), a Escola Superior de Arte e Design do Instituto Politécnico de Leiria (ESAD-IPL) e quatro empresas cerâmicas representando diferentes sub-sectores.
Os materiais de formação desenvolvidos no âmbito do projeto destinam-se a apoiar as empresas e os designers a adoptarem o ecodesign nos seus processos de desenvolvimento de produto de uma forma sistemática. Adoptou-se uma metodologia de implementação do ecodesign em 8 passos e desenvolveram-se conteúdos sob a forma de capítulos teóricos e ferramentas práticas que suportam tal implementação. Foram também desenvolvidas duas bases de dados, uma de materiais e outra de tecnologias que apoiam as equipas de projeto a fundamentar as suas opções de projeto. Para os formadores, existe ainda um guia de apoio a actividades de formação.
De modo a testar e avaliar os materiais de formação, foram desenvolvidos 10 projetos de demonstração nos três países, numa colaboração entre as equipas de ecodesign dentro das empresas e os parceiros centrais da parceria InEDIC.
A metodologia aplicada nestes projetos é baseada em melhores práticas testadas em vários projetos anteriores, aliada ao conceito de formação/acção, tendo em vista uma efectiva transferência de conhecimentos e competências, para que as empresas e os profissionais envolvidos sejam capazes de dar continuidade ao desenvolvimento de projetos de ecodesign, após a conclusão do InEDIC.
A aplicação dos materiais InEDIC em situações empresariais forneceu um feedback muito valioso sobre a qualidade, adequação e abrangência dos materiais desenvolvidos. Permitiu ainda realçar a necessidade de iniciativas deste tipo que promovam a diferenciação positiva dos produtos cerâmicos nacionais, através de melhorias ambientais viáveis do ponto de vista económico e técnico, que contribuam para a competitividade do sector, especialmente nos mercados mais exigentes.
Para aceder gratuitamente a todas as informações e resultados do projecto, consultar www.inedic.net.